Novel subgroups of adult-onset diabetes and their association with outcomes: a data-driven cluster analysis of six variables. Ahlqvist E, Storm P, Käräjämäki A, Martinell M, Dorkhan M, Carlsson A, et. al. Lancet Diabetes Endocrinol; March 1, 2018. http://www.thelancet.com/journals/landia/article/PIIS2213-8587(18)30051-2/fulltext
Um grupo de investigações escandinavos publicou que a diabetes de inicio em adultos compreenderia cinco subtipos de doenças com diferentes perfis fisiológicos e genéticos, em lugar da tradicional classificação de tipo 1 e 2, propondo um enfoque e um manejo mais individualizado do paciente.
Recompilaram dados de quase 15.000 pacientes de cinco grupos da Suécia e da Finlândia, e foram utilizados 6 medidas padrão, com o qual se identificou cinco grupos de pacientes com diabetes, que se dividem em 3 formas graves e 2 leves da doença: uma que corresponde à Diabetes tipo 1 e as 4 restantes que representam subtipos de diabetes tipo 2.
Atualmente, a diabetes se classifica como diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e várias doenças menos comuns, como diabetes autoimune latente de adulto (LADA), diabetes de início no amadurecimento dos jovens (MODY) e diabetes secundaria.
A classificação da diabetes em tipo 1 e 2 se baseia predominantemente na presença ou ausência, respectivamente, de auto anticorpos contra antígenos de células beta pancreáticas e sua aparição em fases mais precoces ou tardias da vida.
Investigações recentes sobre os anticorpos anti-descarboxilase do ácido glutâmico (GADA) e a sequenciação de genes tem demonstrado que a diabetes tipo 2 é altamente heterogênea.
Se coletaram novamente dados de 5 grupos de 8980 pacientes da base ANDIS, dos quais foram todos recentemente diagnosticados com diabetes entre 2008 e 2016.
As variáveis incluem a presença de GADA; idade no momento do diagnóstico; índice de massa corporal (IMC); HbA1c; e estimações do modelo homeostático 2 (HOMA2) da função das células beta (HOMA2-B) e a resistência à Insulina (HOMA2-IR), baseada nas concentrações de peptídeo C e calculados com a formula HOMA.
A análise revelou a presença de 5 grupos de diabetes em homens e mulheres, com distribuições simulares entre os dois, como mostra a tabela.
Cinco grupos de diabetes
Grupo |
N (%) |
Características |
Nombre |
1 |
577 (6.4) |
Inicio precoce da doença ( a uma idade precoce), se corresponde essencialmente com a diabetes tipo 1 e LADA, índice de massa corporal relativamente baixo, controle metabólico deficiente, deficiência de insulina (produção de insulina alterada), GADA+
|
Diabetes autoinmune severa (SAID) |
2 |
1575 (17.5) |
Similar ao grupo 1 mas GADA–, altos níveis de HbA1c, maior incidência de retinopatia |
Diabetes con severa deficiencia de Insulina (SIDD) |
3 |
1373 (15.3) |
Insulino-resistência, maior IMC, mayor incidência de nefropatia |
Diabetes con severa insulino-resistencia (SIRD) |
4 |
1942 (21.6) |
Obesidade, idade precoce, sem insulina-resistência |
Diabetes leve relacionada a la obesidad (MOD) |
5 |
3513 (39.1) |
Idade avançada, alterações metabólicas moderadas |
Diabetes leve relacionada a la edad (MARD) |
Posteriormente os investigadores provaram a classificação em 1466 pacientes de SDR, 844 pacientes de ANDIU e 3485 pacientes de DIREVA, e identificaram distribuições similares de pacientes e características dos grupos.
Sobre a progressão da doença e do tratamento, se observou que os grupos 1 e 2 tinham níveis de HbA1c substancialmente mais altos que os outros grupos e que persistiram durante o seguimento do estudo. Esses pacientes também foram mais propensos a ter Cetoacidose no momento do diagnostico (31% e 25%) em comparação com outros grupos (<5%), dos quais a HbA1c foi o preditor mais importante (odds ratio [OR] 2,73; p<0,0001).
Prescreveu-se insulina em 42% dos pacientes do grupo 1 e em 29% do grupo 2, mas menos de 4% dos pacientes em outros grupos.
O uso de metformina foi mais alto no grupo 2 e o mais baixo nos grupos 1 e 3. O grupo 3 apresentou maior risco de desenvolver complicações crônicas, com um seguimento médio de 3.9 anos. Esse grupo também tinha um risco maior de nefropatia diabética e macroalbuminúria que outros pacientes (hazard ratio 2,18; p=0,0026), assim como um risco substancialmente maior de doença renal em etapa terminal.
A retinopatia diabética foi mais comum no grupo 2, com um OR de 1,6 frente ao grupo 5. Se bem feito, esse estudo tem várias limitações e necessita confirmação em outras populações menos homogêneas, a informação combinada de todas as variáveis em sua analise é superior à medição de um único metabolito como a glicose.
Essa nova estratificação poderia mudar a forma de ver a diabetes tipo 2 e ajudaria a adaptar e dirigir o tratamento precoce aos pacientes que mais se beneficiariam, representando assim um primeiro passo à medicina de precisão na diabetes.
Comentário do Prof. Leif Groop para ENDOWeb:
Este é o primeiro passo ao tratamento personalizado da diabetes. A principal diferença com respeito a classificação atual é que a diabetes tipo 2, na realidade, consiste em vários subgrupos, segundo indicam resultados que obtivemos.
Classificação atual à esquerda e a nova à direita
Hoje, ao redor de 425 milhões de pessoas em todo o mundo têm diabetes. Para 2045, se espera que a quantidade haja aumentado a 629 milhões. As doenças secundárias como a insuficiência renal, retinopatia, amputações e doenças cardiovasculares resultam em enormes custos para a saúde e um grande sofrimento individual. Portanto, são necessárias novas e melhores opções de tratamento.
O diagnóstico atual e a classificação da diabetes são insuficientes e incapazes de prever futuras complicações ou de eleger o tratamento. Cremos que os resultados obtidos representam um cambio de paradigma em “como enxergar a doença” no futuro.
Hoje em dia, os diagnósticos se realizam medindo o açúcar no sangue, entretanto, poderia ser feito de uma maneira mais precisa, considerando também os fatores explicados no estudo. Isso permitiria um tratamento com maior antecedência, prevenindo assim, complicações em pacientes que estão mais propensos à doença. Os pacientes que são mais resistentes à insulina (Grupo 3) são os que mais se beneficiariam com os novos diagnósticos, já que atualmente, são os maiores prejudicados.
O resultado excedeu nossas expectativas. O recrutamento de pacientes diabéticos recentemente diagnosticados continua e os investigadores do estudo têm vários trabalhos em curso embasados nos dados já obtidos, já que enquanto isso estejam executando os estudos, mais e melhores dados serão obtidos. Também está planejado realizar estudos similares na China e Índia com pessoas de diferentes origens étnicas. Isso nos dará oportunidades ainda melhores para adaptar o tratamento a cada indivíduo.
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Copyrigth2018 ENDOweb.
Citar este artículo: Nuevos subgrupos de diabetes de inicio en adultos. – ENDOweb– 21 de Marzo 2018
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